
Até há poucos dias, falar em intervenção do Estado ou de Governos na economia e na sociedade, era visto como um dos maiores pecados. As grandes empresas e bancos, depois de anos de lucros astronômicos, sofreram graves perdas e exigem que todos os governos e sociedades do mundo passem a socorrê-los. Basta notar que só neste ano foi desembolsado algo em torno de 26 trilhões de dólares para salvar os grandes grupos capitalistas. Trágica ironia é que bastariam 150 bilhões de dólares para eliminar a fome no mundo. A crise nasceu da facilidade de crédito internacional disponibilizada à sociedade com juros momentaneamente baixos e com longas prestações.
Milhões de pessoas compraram carros, TVs, casas e utensílios domésticos a crédito. Enquanto foi possível encontrar consumidores, as empresas venderam e obtiveram lucros astronômicos, aos poucos os mercados consumidores foram diminuindo. Os estoques das empresas foram aumentando e, sem ter a quem vender, as empresas começaram a dispensar
trabalhadores e aumentar os juros para recuperar as suas taxas de lucro. Os consumidores, sem ter como pagar as prestações, estão perdendo suas casas, carros (enfim, todos os seus bens) etc.
Os bancos financiadores não têm o que fazer com tanto carro, casas. Pior, as TVs, os jornais, os políticos e os governos não estão falando, mas cabe a nós dizermos! Eles querem que o povo pague a conta da seguinte forma: Transferência do suado dinheiro conseguido pelo trabalho de todos nós aos banqueiros. A crise vai se agravar ainda mais com o aumento dos juros (nacional-internacional) e pelo aumento de impostos, gerando o endividamento das famílias e a perda de bens das pessoas.
O fruto desta perda social será destinado ao socorro das empresas capitalistas que, para sobreviver, realizarão fusões entre os grandes grupos econômicos, provocando ainda mais o crescimento do desemprego, da violência urbana, das falências. Frente a esta situação, os trabalhadores e a sociedade devem cobrar do Governo medidas que atendam aos milhões de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil que foram ludibriados por esse conto do vigário.
Cabe exigir que o governo brasileiro aumente as taxas de importação, protegendo o mercado interno da competição desleal com os produtos de outros países, evitando com isso a falência das empresas. Devemos exigir ainda a imediata redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais pelo menos - evitando o desemprego e a explosão da violência. O dinheiro público deve ser gasto com as coisas públicas. Igualmente, o Governo brasileiro deve priorizar intercâmbio comercial com os países latino-americanos. Exigimos ainda a imediata redução das taxas de juros, ainda as mais altas do mundo. O Brasil deve substituir o dólar nas relações comerciais regionais (como já faz com a Argentina) por uma moeda latino-americana. Igualmente é importante a estatização da rede bancária e a garantia de expansão das rendas básicas aos setores mais fragilizados da sociedade.
Todas essas medidas emergenciais visam proteger a soberania nacional e prioritariamente as classes populares da sociedade brasileira.
São Paulo, 22 de outubro de 2008.
A Diretoria do Sindicato dos
Sociólogos do Estado de SP
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