1 - Entendendo a crise
Embora os analistas que se pronunciam sobre a crise tenham inúmeros pontos de discordância, em um ponto há acordo total: trata-se da maior crise econômica desde a grande depressão de 1929 com a quebra da Bolsa de Nova York.
A crise atual teve origem na especulação do capital imobiliário. A partir de 2001, o Federal Reserve (FED), o equivalente americano para o nosso Banco Central (BC), sob a chefia do ultra-liberal Alan Greenspan incentivou a compra de imóveis. Greenspan, chegou a anunciar, em depoimento ao Congresso, que teriam ido “para além da história”, isto é, superado as crises dos ciclos econômicos e atingido o crescimento perpétuo.
Por meio de uma política de juros baixíssimos e de redução dos encargos financeiros, ele encorajou os intermediários financeiros e imobiliários a estimular uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Em 2003, por exemplo, os juros do FED chegaram a cair para 1% ao ano -menor taxa desde o fim dos anos 50.
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, não só para quem queria adquirir a casa própria, mas também para quem procurava em que investir. Também cresceu a procura por novas hipotecas, a fim de usar o dinheiro do financiamento para quitar dívidas e consumir.
As companhias hipotecárias descobriram nessa época um nicho ainda inexplorado no mercado: o de clientes do segmento "subprime", caracterizados, de modo geral, pela baixa renda, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade de comprovação de renda. O segmento "subprime", assim caracterizado, representa um risco maior de inadimplência que os de outras categorias de crédito. Mas justamente por ser de maior risco, as taxas de retorno são bem mais altas.
A promessa de retornos altos atraiu gestores de fundos e bancos, que compraram esses títulos "subprime" das companhias hipotecárias e permitiram que uma nova quantia em dinheiro fosse emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Um outro gestor, interessado no alto retorno envolvido com esse tipo de papel, comprou o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerou uma cadeia de venda de títulos.
Porém, se a ponta (quem pediu o empréstimo) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito). Toda essa sofisticação especulatória não removeu o elemento mais prosaico e previsível: os seres humanos reais que habitam a economia real e que não puderam mais pagar as dívidas. Este tipo de investimento é o que os especialistas chamam de “bolha”, um tipo de investimento -sejam ações, moedas, imóveis, empréstimos ou, em tempos mais remotos, canais, ferrovias e até tulipas- se torna uma mania e se valoriza muito além das reais possibilidades de retorno. Cria-se um círculo vicioso: quanto mais gente entra no mercado, mais ele se valoriza; quanto mais se valoriza, mais gente entra.
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, passaram a cair. Os juros do FED, que vinham subindo desde 2004, encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta começou a superar a demanda e, desde então, o que se viu foi uma espiral descendente no valor dos imóveis.
A ameaça de insolvência de cerca de três milhões de famílias, com dívidas de mais de 200 bilhões de euros, ocasionou a falência de grandes estabelecimentos de crédito. Para se precaver contra tal risco, estes haviam vendido uma parte de seus créditos duvidosos para outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimentos especulativos, que, por sua vez, disseminaram-nos pelos bancos do mundo inteiro. Resultado: tal como uma epidemia fulminante, a crise atingiu o conjunto do sistema bancário. Daí para atingir o mercado acionário (as Bolsas de Valores) de todo o mundo foi um passo. A mundialização do capital também implica na mundialização de suas crises. A velocidade extraordinária com que esta crise se internacionalizou demonstra, de forma inequívoca, o nível irreversível a que chegou a globalização.
Esta crise evidencia que o atual estágio do imperialismo tem estimulado a existência do que Marx chamou de “capital fictício”. O capitalismo vive um momento de financeirização. Esta se caracteriza pelo crescimento desmesurado da riqueza financeira (frente ao crescimento da riqueza real) e implica na submissão da totalidade do sistema econômico aos imperativos da lógica financeira da acumulação. Dito de outra forma o capital financeiro gera mais capital financeiro sem que haja lastro real na economia. Em 1980, o volume de dinheiro aplicado no mercado financeiro era 20% superior à riqueza produzida no mundo. Em 2006, mais de 200%. O Produto Interno Bruto global, no período, quase quintuplicou, de US$ 10 trilhões para US$ 48 trilhões. Mas espantoso mesmo foi o salto do volume de dinheiro aplicado nos bancos em títulos e ações. Passou de US$ 12 trilhões para US$ 167 trilhões. A crise que agora presenciamos tem em seu bojo uma criação em grau inédito de capital fictício. Segundo o Senador José Nery (PSOL-PA) “O BIS – Banco de Compensações Internacionais –, uma espécie de central dos bancos centrais, estima um volume de ativos financeiros em circulação nas esferas especulativas em todo o mundo da ordem de US$600 trilhões. Esse volume de direitos financeiros é dez vezes superior ao PIB mundial, estimado em US$60 trilhões.”
De qualquer modo os analistas também são unânimes em afirmar que a crise do capital financeiro já atingiu a economia real e está longe do fim. A economia mundial ainda será profundamente abalada pelos acontecimentos de setembro de 2008.
2 - O remédio e seus desdobramentos
O plano do governo americano é usar US$ 700 bilhões para comprar um artigo conhecido por um nome pouco atraente: títulos "podres", ou papéis cujo resgate é muito improvável -conseqüentemente, cujo risco de calote é alto. A maioria destes ativos é ligada justamente às hipotecas "subprime" (de alto risco).
Antes de ser aprovada pelo Congresso americano, a proposta de Bush foi bastante modificada pelos senadores e deputados. A versão incluiu no plano mais US$ 150 bilhões em corte de impostos, benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.
Este conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras privadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia e muito menos protege as famílias endividadas. Trata-se da maior inversão de dinheiro público na esfera privada em toda a história do capitalismo. Em poucas semanas o imperialismo despejou na esfera privada dinheiro suficiente para erradicar a fome de centenas de milhões de seres humanos. Nunca é demais lembrar que a fome mata 24 mil pessoas por dia.
Para ficarmos apenas em um exemplo do poder avassalador da crise podemos citar o caso da Bélgica. Ainda que a recessão não seja oficial, a economia real do país começou a sentir os efeitos. Só no norte do país, a zona “mais rica e dinâmica” de Bélgica, foram eliminados, desde 1º de outubro, 2.200 empregos. No total, perderam-se 5 mil postos de trabalho e os empresários anunciaram mais 70 mil demissões para o próximo ano. Os demais países, principalmente da Europa, seguem o exemplo dos EUA e tratam de socorrer, com dinheiro público, as instituições financeiras tentando evitar que a crise se transforme em recessão. Tecnicamente, os economistas consideram que há uma recessão quando o PIB (Produto Interno Bruto) cai por dois ou três trimestres consecutivos. Quando se imagina uma queda profunda e prolongada do PIB, fala-se, mais dramaticamente, em depressão, entretanto após a década de 30 nenhum período da história econômica mundial chegou a merecer o termo. O futuro dirá a profundidade da crise que apenas se inicia.
As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. As teses de que o Estado deveria se retirar da economia, que esta tem mecanismos eficazes de auto-regulação e que o neoliberalismo teria enterrado a fase de intervenção estatal na economia, canonizando a um só tempo o lassez faire e Margareth Tatcher, foram varridas pelo Tsunami da atual crise. Que político ou economista neoliberal tem a coragem de defender esta tese nos dias de hoje. 30 anos de propaganda neoliberal não suportaram os 30 dias de setembro de 2008.
Claro que isso não chega a ser uma novidade. A burguesia nunca hesitou em usar o dinheiro público para socorrer as suas empresas, mas sem dúvida o fundamento central da tese neo-liberal sofreu um importante revés. Claro que mudanças serão inevitáveis, mas é sempre bom não se deixar levar pelos arroubos do calor da hora. Alguns estudiosos alertam para que o fenômeno da financeirização deve sobreviver à crise. Haverá, é claro, uma maior regulação estatal da economia, mas o capital financeiro é extremamente flexível e pródigo em invenções que escapam a qualquer regulação. Além disso, não podemos esquecer que vivemos uma fase do capitalismo em que o dinheiro e o poder estão muito próximos, particularmente por conta de ativos financeiros importantíssimos como os títulos da dívida pública, cujo volume é hoje enorme em praticamente todos os países. Passada a turbulência e o temor, essa proximidade impedirá que qualquer regulação mais efetiva se estabeleça. Seria leviano e irresponsável, portanto, afirmar que esta nova fase marca o fim do neoliberalismo e da financeirização da economia.
3- As conseqüências políticas e sociais da crise
Nem sob a ótica capitalista a solução apresentado pelo imperialismo parece ser eficaz. Segundo o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual, o pacote adotado é: “injusto, ineficaz e ineficiente. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia”.
Ademais como sempre a lógica capitalista impõe aos trabalhadores todo o peso da crise. Os prognósticos apontam para uma retração na economia mundial e, claro, isso significa arrocho salarial e desemprego. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) "Passaremos de 190 milhões de pessoas sem trabalho no início de 2008 para cerca de 210 milhões. Essa é a primeira vez na história que a humanidade atinge esse marca". No coração do império quem pagará a conta serão os milhões de trabalhadores que perderão suas casas. Na periferia pagarão os trabalhadores que verão seus salários reduzidos, a inflação retornando e o desemprego avançando. A OIT prevê para 2009 um crescimento de 0,1% nos Estados Unidos, 0,2% na Europa e 0,5% no Japão. "Isso, na realidade, significa um crescimento zero nas maiores economias do mundo", afirma o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Os mais pobres sentirão de forma cruel os efeitos da crise. Ainda segundo Somavia a camada da população mundial que ganha menos de US$ 1 por dia vai aumentar de 480 milhões de pessoas para 520 milhões entre o início de 2008 e o fim de 2009. Entre os que ganham até US$ 2, o aumento de pessoas afetadas será de 100 milhões. No total, 1,4 bilhão de pessoas estarão abaixo dessa linha de renda.
Uma crise deste porte não ficará limitada aos aspectos econômicos. Os desdobramentos políticos, que ainda estão se desenvolvendo, se farão sentir cedo ou tarde. Do ponto de vista político devemos assistir a uma reconfiguração da estrutura de poder do império. Tudo indica para um deslocamento do papel hegemônico do imperialismo norte-americano em detrimento das potências européias. Não devemos, contudo, superestimar este prognóstico. Os EUA continuarão sendo a principal potência política, militar e econômica do planeta, mas provavelmente num patamar inferior ao que estamos acostumados. A dinâmica e a velocidade deste processo precisam ser acompanhadas.
Embora tenhamos que concordar com Noam Chomski quando afirma que “os EUA tem efetivamente um sistema de um só partido, o partido dos negócios, com duas facções, republicanos e democratas” é preciso compreender os reflexos desta crise no cenário eleitoral. O recente resultado das eleições americanas, com a derrota dos Republicanos, pode ser explicado, entre outras coisas (crise econômica prolongada, crise no sistema de saúde, ocupação desastrosa do Iraque – que já consumiu mais de U$ 800 bilhões) pela agudeza da crise atual.
4- A crise no Brasil
A queda nas Bolsas de Valores é só a ponta de um enorme iceberg. A tese, anunciada nos primeiros momentos da crise, de que os países “emergentes” estariam imunes revelou-se uma falácia de pernas curtas. O Brasil já está sendo abalado pela crise. Só neste mês a Vale fechou a produção de minério de ferro em Minas Gerais (considerado de qualidade inferior ao de Carajás) e deu férias coletivas de 15 a 20 dias para os funcionários dessas unidades (o risco de desemprego não está afastado). Pesquisa da FIESP revela que 57% das 658 indústrias consultadas cortarão investimentos e 78% informaram que o acesso ao crédito estava mais caro e difícil. O governo brasileiro, que tentou (e ainda tenta) vender a idéia de que a crise não nos atingiria, já reconhece a gravidade da situação e prevê uma redução no PIB de 2009. O percentual de 4,5% de crescimento já está sendo redimensionado para 3,5 ou mesmo 3,0%, e pode cair ainda mais.
Os setores exportadores devem sentir o peso da retração do mercado mundial. Situações semelhantes devem viver outros dois pesos pesados da economia brasileira: a construção civil e a indústria automobilística. Tanto um como outro ramo já estão cortando os gastos e prevendo reduções drásticas nas taxas de crescimento. A General Motors, a Ford e a FIAT anteciparam férias coletivas para os trabalhadores de suas fábricas. Cerca de 70% dos automóveis vendidos são através de financiamentos. O tempo de financiamento também já se reduziu, de 90 meses para, no máximo, 60. A média dos financiamentos de veículos hoje não ultrapassa os 42 meses. O resultado disso, que já vai aparecendo, é a queda na venda. Alguns analistas se questionam se o setor não seria também uma “bolha”, passível de ter dinâmica semelhante à “bolha” de imóveis dos EUA. Aliás a GM, maior fabricante de automóveis do mundo, acabou de anunciar o fechamento de duas fábricas nos EUA, com a extinção de mais de 2.700 postos de trabalho. Os reflexos aqui não demorarão a se fazer sentir.
O ganhador do Nobel de economia, Joseph Stiglitz, alertou também para uma possível “bolha” na agricultura do Brasil. No último período, especuladores investiram fortemente em “commodities” (produtos primários de exportação), inflacionando artificialmente o preço desses produtos. Com a crise, a bolha estourou, os especuladores desviaram os recursos para outros investimentos e deixaram o setor endividado. Além de amargar a queda nos preços das mercadorias, os produtores não conseguem financiamento para a compra de equipamentos e insumos. Nunca é demais lembrar que a agroindústria de exportação foi quem garantiu ao Brasil uma balança comercial favorável nos últimos anos. Claro que tudo isso custou um prejuízo incalculável para nossas florestas e para o nosso povo. Alias é bom frisar que este modelo econômico das “commodities”, que chamamos de reprimarização da economia, foi classificado de forma menos elegante por Leda Paulani, professora de economia da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política. Segundo ela o conceito mais adequado é o de "servidão financeira": o país tornou-se plataforma de valorização do capital, e corre o risco de sofrer uma desindustrialização precoce.
5 – A esquerda e suas perspectivas
Após vinte anos do anúncio da supremacia definitiva do capitalismo sobre o socialismo, com a derrocada das ditaduras stalinistas do Leste Europeu, assistimos a uma crise profunda da toda-poderosa economia capitalista. A histeria do “fim da história” de Fukuyama recebeu agora sua pá de cal. Segundo esse apólogo do neoliberalismo a humanidade assistiu, no século XX, ao fim do nazi-fascismo e do comunismo e a afirmação da inquestionável e eterna supremacia do capital. A humanidade teria chegado então ao ápice de sua evolução afirmando a democracia burguesa como valor universal. Nada mais distante da realidade. Hoje Fukuyama não passa de um nome na lata de lixo da história e vemos ressurgir, com força total, o pensamento marxista inclusive entre os teóricos da burguesia, que reconhecem que ninguém soube dissecar melhor que Marx a estrutura do sistema capitalista.
As guerras e as grandes crises capitalistas sempre abrem a possibilidade de uma superação do capitalismo, mas isso não será automático. À primeira Grande Guerra Mundial de 1917 se seguiu uma onda de revoluções que culminou com a revolução Russa. À segunda Guerra Mundial um extenso processo de expropriação (ainda que à força da baioneta e dirigido pelo stalinismo) de diversas burguesias da Europa Oriental. À depressão de 1929 o que assistimos foi justamente o fortalecimento da reação. Segundo Hobsbawn “nos anos 30, o claro efeito político da Grande Depressão a curto prazo foi o fortalecimento da direita. A esquerda não foi forte até a chegada da guerra” . Ainda segundo este grande historiador, hoje “a esquerda está virtualmente ausente. Assim, me parece que o principal beneficiário deste descontentamento atual, com uma possível exceção – pelo menos eu espero – nos Estados Unidos, será a direita.”
Todos somos sabedores que o capitalismo é um sistema em decadência. Os avanços tecnológicos visam somente o lucro e via de regra só servem para consumar a destruição da natureza e do homem. É um sistema perverso que precisa desesperadamente fomentar guerras para se desenvolver. A produção não obedece a nenhuma planificação, nem se orienta no sentido de eliminar a fome e a miséria, ao contrário sobrevive da especulação financeira e da destruição de nossas riquezas naturais, incluindo o homem. Mas o capitalismo não cairá por si. Se não for derrubado o risco é nos levar à barbárie. A máxima estabelecida por Rosa Luxembugo guarda uma inquietante atualidade: socialismo ou barbárie.
Os tempos que se avizinham são de muita luta para os trabalhadores em todo o mundo. Luta contra o desemprego, contra a fome, em defesa da natureza, contra as guerras e contra a recessão. Será uma batalha duríssima, principalmente porque nossa classe se encontra desarticulada e na defensiva. Será também momento de uma forte disputa política e ideológica e de afirmação do socialismo como alternativa ao caos capitalista. Precisaremos ocupar todas as frentes de luta em defesa de nosso ideário e de nossos direitos.
Neste sentido é fundamental desmascarar o governo Lula, que a despeito de minimizar os efeitos da crise em nosso país, trata de beneficiar os bancos, as empreiteiras e o agronegócio. Nada de proteção para correntistas e trabalhadores. Segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) “A MP 442, que pode ser apelidada de MP dos banqueiros, não protege os correntistas e nem os trabalhadores. A MP, que somente o PSOL votou contrário, ao invés de proteger correntistas, garante apenas a liquidez dos banqueiros. Ao deixar de lado instrumentos de fiscalização e regulação dos bancos, a MP 442 deixa aos bancos a tarefa de ampliar o crédito com recursos públicos. Porém, nas mãos dos bancos o crédito se restringe e a injeção de recursos do governo não surte o efeito desejado. O Fundo Soberano desvia recursos das áreas sociais para financiar empreiteiras brasileiras no exterior e amplia a dívida pública interna.”
É preciso ainda avançar na construção de uma alternativa socialista para a crise que inclua a redução da carga tributária aos trabalhadores, a redução da taxa de juros, o controle do fluxo de capitais avançando para a estatização do sistema financeiro, o fim da especulação financeira, da sangria imposta pelo pagamento da dívida pública que consome anualmente mais de 10% do PIB brasileiro. É preciso ainda acabar com a espoliação de nossas riquezas naturais realizando uma reforma agrária que elimine o agronegócio e caminhe para a paz no campo. Claro que estas medidas só serão possíveis num governo efetivamente dirigido pelos trabalhadores e assentado numa concepção socialista. Este é o nosso desafio!
Fernando Carneiro – novembro de 2008
sábado, 14 de março de 2009
APONTAMENTOS PARA ENTENDER A CRISE DE 2008
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