
meus poetas estão mortos
morreram tristes engasgados em seus versos
condolências não são necessárias
esperavam o beijo e o abraço em vida
agora que importa?
de nada valem os olhares espantados
diante de cada verso que escreveram
os leitores meninos não sabem quantas vezes
foi preciso morrer
para que esses versos lhes viessem à luz
quantas dores carregaram num só peito frágil e doente
quantas vezes não foram confundidos com os loucos
que andam a falar a sós pelas ruas
sem que ninguém - ninguém lhes dê atenção
porque a palavra sempre foi um compromisso inadiável
porque a palavra dependendo do dia fazia-se cruel
hilda aninha bel orides
torquato cacaso leminski
procuro por todos vocês nas estrelas quando o céu permite
mas de repente a viagem termina
e eu estou de volta aos meus temporais
porque as estrelas num piscar de estrelas se apagaram todas
e talvez só eu na minha distração não tenha percebido
isolo-me de mim mesmo
e trancado no armário antigo das palavras
começo também a contagem regressiva
morrer é só um exercício do que foi viver
meus poetas estão mortos
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